quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

17º Dia - Cochrane-Villa O'Higgins


Objetivo principal alcançado. Domingo rodamos 217 km entre Cochrane e Villa O’Hoggins.   Onze dias após entrarmos na carretera austral chegamos ao seu final com um total rodado de 1148 km dos 1240 de sua extensão (no início do blog informamos que seriam 1400 km, mas há informações diferentes sobre este dado).   A diferença do rodado para o total deve-se ao fato de que a balsa não sai de Pichanco mas sim de Hornopirén e de lá em vez de chegar em Caleta Gonzalo nos deixou mais a frente em Chaitén, este último soubemos só na hora do embarque, pois nos disseram que a obrigação de ir a Caleta Gonzalo é de apenas uma vez por semana.   Como as diferenças nos trajetos das balsas não dependeram de nós consideramos a missão cumprida, mesmo deixando de fazer 92 km.   
Percorrer a carretera de ponta a ponta de carro poderia ser feita em quatro dias, que além do desafio veríamos belas paisagens.   Mas a região é riquíssima em parques, glaciares, ventisqueiros e outros atrativos, por esta razão resolvemos montar um roteiro para aproveitar o máximo a vinda para cá, o tradicional unir o “útil ao agradável”, por esta razão por diversas vezes nos afastamos da carretera para chegar aos pontos turísticos para depois retornar a ela.
Os 217 km de hoje foram feitos em duas etapas devido a uma travessia de balsa em Puerto Yungai, que fica distante 120 km de Cochrane.   A travessia sobre o rio Bravo durou cerca de 45 minutos.   Após a balsa mais 97 km até Villa O’Higgens.
Puerto Yungai é apenas um local onde há a rampa para a balsa, um posto do exército, uma igreja e não mais do que dez casas.   Não há restaurantes, hospedagem ou até mesmo um mercadinho, apenas a lanchonete na entrada para a balsa.   Neste local há doze anos era o final da carretera, mas com a construção do acesso a Villa O’Higgens perdeu este status, ficou apenas a placa informando que ali era o km 1150 e final da carretera, placa esta já abandonada e faltando partes.
A nossa média de velocidade continua de 40 KM/h devido aos trechos ruins e as paradas para fotografias.  O primeiro trecho foi feito em duas horas e meia e o segundo em duas horas.  
Aconselho a quem quiser viajar na carretera que além dos tradicionais sobressalentes incluam também parafusos, pois hoje recebemos sinais de luz de um caminhão que vinha em sentido contrário, e ao se aproximar o motorista fazia sinais para o carro, e assim que paramos o carro o caminhão deu ré e parou ao nosso lado, era um senhor muito simpático e avisou que a nossa “patente” estava caindo, tratava-se da placa dianteira do carro que perdeu um parafuso e fatalmente a perderíamos.  O caminhoneiro nos disse que andar sem “patente” no Chile pode causar sérios problemas.  Ao chegar em Puerto Yungai tratei de tirar um parafuso da fixação do tapete para colocar na placa, que agora virou item de vistoria toda manhã, pois além do óleo e da água do radiador revisamos também as placas, para choque e tudo o que possa se desprender com as “calaminas”, ou seja, as terríveis costeletas.
Falar que nos dois trechos há montanhas com picos nevados e lagos está até repetitivo, então diremos que o trajeto é repleto de montanhas com muita neve e lagos de água verde escura, ou verde leitoso ou azul escuro.  Há também trechos onde as árvores formam verdadeiros túneis tornando o cenário diferente mas igualmente maravilhoso.   Há trechos também em que de um lado tem uma parede de rocha e do outro um penhasco, um rio ou um lago. 
É por toda esta gama de cenários diferentes que a carretera atrai gente do mundo todo, e mesmo ainda sendo um desafio para ciclistas, motociclistas ou turistas comuns está a cada ano mais acessível, pois o governo desde a década de 70 tem o objetivo de integrar os moradores da Patagônia chilena com o resto do país, para isto investe pesado para melhorar a carretera, o que pudemos presenciar pelas obras em execução, isto também desenvolve o turismo da região, o que nos permite a oportunidade de admirar as maravilhas da natureza que existem por aqui.
Contrariando a tudo que havíamos lido sobre a carretera após a cidade de Cochrane, os dois trajetos estão em perfeitas condições de circulação, lógico que alguns trechos há buracos e outros com muita costeleta (as famosas calaminas por aqui), mas apesar disso a carretera não exige um 4x4, podendo ser percorrida com veículo pequeno apenas com muito mais cuidado.  Outro fato a relatar é que a única forma aparente que poderá interromper uma viagem são os desmoronamentos, pois algumas montanhas são recortadas a centímetros da carretera e em vários locais há pedras caídas no meio da estrada.
Informações da balsa do rio Bravo:  É gratuita e atravessa para o sul as 10, 12 e 18 horas e para o norte as 11, 13 e 19 horas, mas o problema é que a capacidade é para 12 carros, isso se não houver ônibus e caminhões, se lotar tem que esperar a próxima.
A cidade de Villa O’Higgens fica num vale entre montanhas, possui uma estrutura bem montada, mas com o aumento do número de turistas devido a melhora da carretera e a saída para o passeio ao Glaciar O’Higgens o número de turistas tem aumentado muito, quase ficamos sem hospedagem, pois o site da cidade, por onde se faz as reservas estava fora do ar enquanto estávamos ainda no Brasil.  Uma curiosidade sobre a cidade é que tem wireless na praça da cidade, aliás, o único ponto de internet na cidade, só que em velocidade muito baixa, razão pela qual não conseguimos postar fotos ontem no blog.
Completamos a carretera, mas a viagem continua e ainda faremos passeios por lugares interessantes e com certeza mais belas fotos.



Muitos trechos igual a esse. 



Local de saída da Balsa. Dois carros ficaram pois não couberam na balsa. A dica é chegar cedo para garantir o lugar.

Aqui foi o primeiro lugar que sentimos frio (frio friiiiio, pois antes estava igual o nosso inverno)

Puerto Yungay visto do Rio Bravo dentro da balsa

A estrada para Vila O'higgins

Pelos relatos imaginávamos que era apenas uma trilha rasgada no meio do mato. Mas, surpreendeu pelas paisagens.

Pedras que caíram na estrada devido a desmoronamentos


Pedindo licença




De tempos em tempos encontramos obras na Carretera

Aqui o lago formou uma prainha


A foto tão esperada 


A entrada da cidade é um mata-burro (???)

Villa O'higgins


O restaurante do almoço as 17hs

A praça


Um comentário:

  1. Muito legal seu relato. Ano que vem quero passar pelos mesmos locais e as informações dadas foram muito importantes. Abraços!!

    ResponderExcluir